VEGETARIANISMO

     O vegetarianismo é o sistema alimentar que não implica em desrespeito ou sacrifício de vidas animais para servir à alimentação. A adoção desse sistema alimentar se justifica por alegações empíricas e científicas de saúde, de segurança alimentar, éticas, religiosas, espirituais e/ou ecológicas.
   
     Hábitos alimentares saudáveis com exclusão de carne e preferência por alimentos frescos de maior vitalidade fazem parte de um estilo de vida natural praticado por vários grupos de pessoas desde a antiguidade, como os essênios, alguns gregos, os budistas, os tibetanos, os yogues que optam pelo vegetarianismo sob a alegação de Ahimsa - o conceito da não violência pertinente aos Yamas – o conjunto de princípios morais, éticos e espirituais que compõem o Yoga.
     A notável civilização inca, a asteca, a maia e a tolteca eram vegetarianos, tendo o milho como a sua principal fonte de proteínas. Os adventistas do sétimo dia também são adeptos ao vegetarianismo, formando amostras significativas para estudos científicos a respeito dessa dieta. O vegetarianismo não é uma religião como o Budismo e o Hinduísmo: é um plano alimentar que dá preferência aos alimentos vegetais para obter os nutrientes essenciais à boa saúde.
     Diversos motivos levam os indivíduos a se tornarem vegetarianos. Alguns grupos adotam a essa dieta por ética e compaixão - pela noção de que os animais são seres sencientes (capazes de sofrer ou sentir prazer e felicidade); por motivos de saúde; por influência de escolas de sabedoria orientais como o Yoga; pelo paladar; por influência familiar ou de amigos; por razões espirituais, religiosas e ecológicas. De forma geral, os vegetarianos compartilham a perspectiva de que a dieta não deve ser considerada apenas uma prática de satisfação ao paladar e de nutrição adequada, mas também uma possibilidade de expandir a consciência da direção da coletividade harmoniosa que se traduz em um amplo conceito de sustentabilidade.
 
O consenso das autoridades internacionais em saúde sobre o Vegetarianismo

     Seguindo os passos do ADA (Associação Dietética Americana) e da OMS (Organização Mundial de Saúde), o Conselho Regional de Nutricionistas de SP e MS (CRN-3) em 2012 se posicionou positivamente sobre as dietas vegetarianas. “Cabe aos Nutricionistas orientar o planejamento alimentar dos indivíduos, visando à promoção da saúde, respeitando as individualidades e opções pessoais quanto ao tipo de dieta considerando-se aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais”.
    De acordo com a ADA e o CRN-3, as dietas vegetarianas, quando atendem às necessidades nutricionais individuais, podem promover o crescimento, desenvolvimento e manutenção adequados e podem ser adotadas em qualquer ciclo de vida incluindo a gestação, lactação, infância, adolescência e para atletas, podendo trazer benefícios na prevenção e tratamento de algumas doenças. Estudos científicos demonstram que é possível atingir o equilíbrio e a adequação nutricional com dietas vegetarianas (ovolactovegetarianas, lactovegetarianas, ovovegetarianas e até veganas), desde que bem planejadas e, se necessário, suplementadas. Estudos têm mostrado fortes evidências ligando as dietas vegetarianas com a incidência reduzida de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como a obesidade, à reduzidas taxas de mortalidade por cardiopatias, além de baixos índices de colesterol, constipação, transtornos digestivos, menor pressão arterial, redução considerável do risco de apresentar diverticulite, diabetes, pedras na vesícula e diversos tipos de câncer, principalmente do intestino grosso e próstata. A dieta vegetariana também facilita a atuação dos rins e do fígado que em inglês significa liver (vivedouro), devido à sua importância na nossa fisiologia.
     Segundo o IBOPE, 8% dos brasileiros se declaram vegetarianos. Essa amostra, composta por aproximadamente 15 milhões de habitantes, equivale à população do Chile e o dobro da população da Suíça.

Pontos fortes e cuidados
     Apesar dos estudos científicos apontarem para os benefícios físicos de dieta vegetarianas bem planejadas e balanceadas, a simples supressão da ingestão de produtos de origem animal não garante a boa saúde. Não há estudos demonstrando aumento de doenças em grupos vegetarianos, mas, dietas radicais e desbalanceadas, sejam elas onívoras ou vegetarianas, podem colocar a saúde em risco por deficiências nutricionais.
     De todos os nutrientes, apenas a vitamina B12 não será encontrada na dieta vegetariana estrita. Os demais (como ferro, zinco, ômega-3, cálcio, riboflavina, vitamina D e proteínas) podem ser obtidos com abundância e boa biodisponibilidade em todas as dietas vegetarianas, inclusive a estrita.
     A adequação de dietas vegetarianas, assim como de outros tipos de dietas, é julgada pela variedade de alimentos que a compõem. Quanto maior a diversificação, maior é a chance de que todos os nutrientes sejam fornecidos.
     Estudos têm demonstrado que vegetarianos de todos os tipos, inclusive gestantes, são usualmente normais e saudáveis. Suas dietas geralmente apresentam teores nutricionais aproximados às recomendações diárias de nutrientes. Não existem estudos científicos que associem as dietas vegetarianas a doenças.


REFERÊNCIAS
CONSELHO REGIONAL DE NUTRICIONISTAS - CRN3. Parecer CRN-3 minuta. Internet. Disponível em: http://www.crn3.org.br/legislacao/doc_pareceres/dra_denise.pdf. Acesso em: 18 set. 2012.
SILVA, Sandra Maria Chemin; MURA, Joana Dárc. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo, SP: Rocca, 2007. 1122 p.
SIZER, Frances; WHITNEY, Eleonor. Nutrição, conceitos e controvérsias. 8.ed. Barueri, SP: Manole, 2003. 567p.
SOCIEDADE VEGETARIANA BRASILEIRA - SVB. Guia alimentar de dietas vegetarianas para adultos. Internet. Disponível em: http://www.svb.org.br/vegetarianismo/. Acesso em: 18 set. 2012.
VEGETARIAN SOCIETY. History of the Vegetarian Society. Internet. Disponível em: http://www.vegsoc.org/page.aspx?pid=827. Acesso em: 18 set. 2012.
INSTITUTO BRASILEIRO DE PESQUISA – IBOPE. Dia Mundial do Vegetarianismo: 8% da população brasileira afirma ser adepta do estilo. Internet. Disponível em: http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/Dia-Mundial-do-Vegetarianismo-8-da-populacao-brasileira-afirma-ser-adepta-ao-estilo.aspx. Acesso em: 2 out. 2012.

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